1º Congresso Nacional de Combate ao Insucesso Escolar

15 setembro 2006

Apresentação

Nos últimos anos tem sido implementado um conjunto de medidas cujo objectivo é melhorar o ensino em Portugal e desta forma, proporcionar uma maior igualdade de oportunidades. Este trabalho tem tido resultados visíveis, mas a verdade é que os índices de insucesso e abandono escolar continuam a constituir um problema nacional, para o qual devemos estar atentos.

Assim, a AJUDE (Associação Juvenil para o Desenvolvimento) em parceria com a Câmara Municipal de Resende está a organizar o I Congresso Nacional de Combate ao Insucesso Escolar nos dias 14 e 15 de Outubro no Auditório Municipal de Resende. Para tal, contamos com o apoio do Conselho Nacional da Educação e do Governo Civil de Viseu.

Inserido no Debate Nacional Sobre a Educação, este evento pretende ser um ponto de discussão construtiva para o futuro da Educação.

14 setembro 2006

Programa

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Programa do Congresso

1º Dia – 14 de Outubro de 2006

10:00 – Recepção dos convidados e distribuição de documentação

10:30 – Sessão de abertura com intervenções:
- Presidente da AJUDE - Dr. Bruno Cardoso
- Presidente da Câmara Municipal de Resende - Engº. António Borges
- Directora Regional da Educação do Norte - Dra. Margarida Moreira

11:30 – Pausa para café

11:45 – Apresentação do diagnóstico do absentismo, insucesso e abandono escolar em Portugal. Representante da Organização

12:30 – Pausa para almoço

14:00 – I Painel – As causas do abandono e insucesso escolar
Intervenientes:
- Representante da CONFAP - Dra. Maria José Viseu
- Representante da Associação Nacional de Professores - Dr. João Grancho
- Representante da Associação Nacional de Municípios - Engª Maria Gabriela Tsukamoto
- Instituto da Inteligência - Prof. Doutor Nelson Lima

16:00 – Pausa para café

16:30 –
II Painel – As consequências do abandono e do insucesso escolar
Intervenientes:
- Representante da UGT - Dr. António Guedes da Silva
- Representante da CCP - Dr. Pedro de Almeida Freire
- Representante do IEFP - Dra. Marisa Montela
- Representante da PSP/GNR “Escola Segura” - Comissária Carla Costa
- Representante da DREN - Dr. José Rocha

19:30 – Jantar no Douro Park Hotel em Caldas de Aregos

21:30 – Animação Musical com a Orquestra Ligeira da Banda "A Nova" de S. Cipriano

2º Dia – 15 de Outubro de 2006

10:00 – Painel III – Medidas para promover o sucesso escolar
Intervenientes:
- Representante da Unidade de Educação de Adultos da Universidade do Minho - Dra. Raquel Oliveira
- Representante da Escola da Ponte - Dr. Paulo Topa
- Representante da ANESPO - Dr. Serafim Rodrigues
- Psicóloga Clínica - Dra. Lara Alves

11:50 – Pausa para café

12:10 – Conclusões do Congresso - Representante da Organização do Congresso
12:30 – Sessão de Encerramento com intervenções:
- Presidente do Conselho Nacional de Educação - Prof. Doutor Júlio Pedrosa
- Vereador da Educação da Câmara Municipal de Resende - Profª. Dulce Pereira
- Vice-Presidente da AJUDE Nacional - Artur Ventura

15:30 – Passeio turístico pela zona do Douro

Resumo das Intervenções

- Discurso de Abertura do Congresso - Presidente da Câmara Municipal de Resende - Eng.º António Borges

No início do seu discurso quis deixar uma palavra de agradecimento à AJUDE pela possibilidade de se poder reflectir sobre a educação em Resende, sustentando que tal facto permite abrir janelas de oportunidade em localidades como aquela. Na sua opinião, a questão do Insucesso Escolar é um problema de todo o país, sustentando que o país se encontra a um nível muito pouco satisfatório quando comparado o espaço europeu do qual fazemos parte.
“Se a discussão deste tema num país como o nosso é muito importante, a discussão do mesmo em Resende é igualmente premente. Não vale a pena entrarmosnum processo de auto-flagelação, mas ser capazes de fazer aquilo que compete a cada um. Nas famílias, nos professores, nosmiúdos, na sociedade,... esta é uma problemática que a todos diz respeito.”
“A sociedade, como a escola, é estática, conservadora e corporativa. É aquilo que sinto, que todos sentimos. Ma só agora começamos a mudar a antiga escola.” A escola encontar-se desajustada para todos.
Deseja deixar a ideia de que é importante que cada um seja cpaz de assumir as suas próprias responsabilidades. Para Resende, as questões da educação e da requalificação do perfil dos concidadãos são fundamentais: o grande desafio é a melhoria da qualidade do ensino. É necessária uma escola e tempo inteiro e de um redicionamento do território para o sucesso.
Ao fim de muitos anos de investimentos no ensino em Portugal, só agora foi possível reconstruir o ensino nas escolas primárias. Assim, as novas oportunidades que falharam no percurso de vida de cada um de nós têm que alcançar os jovens no Norte e no interior do país.
É por tudo isto, que Resende se prontificou a acolher esta iniciativa e a apoiá-la.

- Discurso de Abertura do Congresso - Presidente da AJUDE - Dr. Bruno Cardoso

As primeiras palavras não podem ser senão dirigidas ao Município de Resende, cujo contributo em prol da concretização deste congresso se revelou de suma importância. Consciente de que este é um primeiro passo dos muitos que precisam de ser dados nesta matéria, imprime o desejo de que Resende dê continuidade a este projecto.
O verdadeiro motivo pelo qual seis meses de trabalho valem a pena, é o facto de ser importante ouvir todas as instituições que, a para da AJUDE e da câmara Municipal de Resende, se empenham no debate ao insucesso escolar. Na senda das preocupações, está a promoção da educação, o combate à exclusão social, a luta incessante pelas desigualdades geográficas e um País mais justo e solidário para com crianças e jovens.
Importa dizer que o Estado, os professores, as Autarquias, os educadores de Infância, os auxiliares educativos, os alunos,... todos têm uma palavra a dizer e este primeiro passo etm que ser entendido, porque o é, uma oportunidade para o efeito.
Para a AJUDE, ser jovem é ter a ambição de ver um dia concretizado o sucesso do ensino em Portugal.

- Discurso de Abertura - Directora Regional da Educação do Norte - Dra. Margarida Moreira

“No Norte temos uma ideia de Abandono Escolar: não completamento do ensino pelo facto de ser necessário às famílias que os jovens trabalhem. Para mim, na verdade o abandono é cansaço do insucesso. Do mesmo modo, no meu entender, não se deve combater o insucesso, mas promover o sucesso.”
Confrontamo-nos com um problema muito sério. Estamos no início do séc.XXI e ainda persiste uma herança do Estado Novo. Não nos enganemos, porque todos os anos 15% dos jovens não completa a escolaridade básica obrigatória, e o mesmo sucede no ensino secundário. Par além da herança, recebemos no dia-a-dia a conta corrente de tudo isto. O que é necessário não é apontar a culpa, mas encontrar a solução e uma maneira de valorizar a escola.
“O facto de ter contacto com várias crianças do leste europeu, permitiu-lhe perceber que Portugal sofre de um problema cultural. A escola tem que ser um local de prazer porque é o local de trabalho das nossas crianças e dos seus ídolos, que são aqueles da bola, da televisão,... e aos quais elas reconhecem trabalho o que lhes dá um sentido de socialização no trabalho escolar.”
“Somos muito injustos enquanto culpabilizadores do insucesso para a escola. A matemática é treinar, exercitar. E n´so socializamos com frases como: chumbaste porque não estudaste. Os reforços sucessivos que naturalizam o insucesso escolar é algo em que todos temos que pensar. Os alunos de leste têm uma capacidade fantástica, eles conseguem gostar da escola. Portanto, o nosso problema é cultural.”
“Enquanto organização, poruqe ninguém individualmente consegue fazer nada, a escola tem que criar uma equipa que considere que os nossos miúdos são capazes como os outrso e ajudá-los. Temos que repensar a nossa maneira de pensar.”
“Acho óptimo que uma Associação, um grupo de jovens, decida dar o rosto e propiciar uma oportunidade para o sucesso local, como o faz a AJUDE.”
“Esta matéia é demasiado importante para ser só do Governo.”
“As pessoas de resende acreditam que o seu futuro vale a pena. Dizem mesmo por aí que isso significa novos desenvolvimentos e até mesmo sucesso escolar. Em Resende, acredita-se que aproveitar ofertas de formação desenvolve a localidade e dá esperança de que é possível os jovens continuarem a estudar e estudar no Ensino Superior.”
Convida a AJUDE para desenvolver em conjunto uma iniciativa de futuro. Para Resende, fica a promessa de que no próximo ano ficarão concluídas por parte da Autarquia as condições físicas para que o ensino em Resende não se desculpe pela falta de condições.
“ A natureza privilegiou Resende com uma riqueza extarordinária mas há que acreditar, como o Sr. Presidente da Câmara, que a riqueza de Resnede são as pessoas e as crianças.”

- Apresentação do diagnóstico do absentismo, insucesso e abandono escolar em Portugal - Vice-Presidente da AJUDE - Artur Ventura

A fonte principal do diagnóstico intitulado “Perspectivas sobre o Absentismo, Insucesso e Abandono Escolar em Portugal” foram os dados do GIASE. Permitindo recolher dados oficiais a partir de uma análise exaustiva da realidade, foi possível o apuramento de algumas conclusões. Deste modo, há de facto um número reduzaido de alunos nos diversos graus de ensino ao mesmo tempo que se verifica uma má qualidade. Para a Europa a batalha da educação e da qualificação é uma arma decisiva para resistir à competitividade económica. No entanto, os resultados levam-nos a concluir que a batalha não será bem sucedida.
Igualmente desanimador, para a OCDE a educação continua a ser “uma indústria retrógada, onde se trabalha no isolamento”. No último relatório da Comissão Europeia consta que os resultados atingidos por Portugal em matéria de educação são “decepcionantes”.

- Reportagem da AJUDE - Um olhar sobre o Insucesso Escolar - Tatiana Almeida

O Departamento de Reportagem da AJUDE realizou ao longo de três meses uma série de entrevistas aos cidadãos portugueses no sentido de aferir a sensibilidade destes face aos problemas da Educação no nosso país. Passando por Lisboa, Santarém e Abrantes, e entre Professores, pais, alunos, jovens e crianças, as opiniões divergem, mas ainda assim tentam confrontar todo o pessimismo com alguma esperança por um futuro melhor.

  • As causas do abandono e insucesso escolar:

- Representante da CONFAP - Dra. Maria José Viseu

A canção Fisga – Rio Grande funciona como ponte para o tema do Insucesso.
“Quando encaramos a escola como organização, ela tem que ser um instrumento de construção e não uma solução para os problemas.” Falar de insucesso é também falar da situação económica da família ao mesmo tempo que importa considerar o grau de instrução da família, a língua materna e a etnia.
“Como é que uma mãe pode acompanhar a educação dos filhos com um grau de instrução fraco?”
Para a Presidente da CONFAP, o insucesso e o abandono escolar é maior nas famílias de etnias diferentes verificando que é nessas situações que existem problemas de violência abandono familiar. O meio é outra das preocupações, a seu ver se localmente não existirem bibliotecas e locais de estudo o problema intensifica-se. Problemas como a falta de ambição, auto-estima e capacidade cognitiva bem como uma oferta educativa insuficiente são algumas das causas do problema. O desenvolvimento comunitário revela-se o mais importante na medida em que “só quando toda a comunidade trabalhar no mesmo sentido é que vamos conseguir alguma coisa. A escola é o rosto da sociedade mas não pode ser a solução do problema”.
“ Das 1000 crianças apoiadas pelo GAF (Gabinete de Apoio à Criança – IAC) 75% tiveram sucesso, mas infelizmente vivemos me Portugal e esta iniciativa, pela falta de verbas, vai terminar”.
A relação da escola com a comunidade. Defende uma actuação local como é exemplo a associação de pais, as autarquias, organizações governamentais e não governamentais. Para a concretização de uma escola ideal, é necessário pôr em prática qualidades que não se ensinam com palavras porque não podemos ser considerados cometendo o insucesso.
“Quero voltar aqui e ouvir dizer que Resende é o primeiro concelho com o maior sucesso escolar”.

- Representante da Associação Nacional de Professores - Dr. João Grancho

“Seria de bom senso considerar o insucesso ou o fracasso como características intrínsecas dos alunos, mas como uma conotação dada à partida pelos que à distância classificam o abandono escolar”. O ciclo de avaliação da realidade volta sempre ao mesmo ponto.
Uma forma de combate ao insucesso é a implantação da rede pré-escolar, entre outros programas que pretendem encontrar uma forma combativa. Quando falamos de insucesso pensamos sempre no ensino obrigatório, mas urge adoptar uma postura de envolvimentos.
“A escola não conhece a pessoa do aluno. A partir do momento em que a criança entra no pré-escolar tem que haver um acompanhamento deste ser que está a adquirir competências e que será um ser social do futuro”. Há dificuldades que os alunos apresentam no que toca à aprendizagem e os jovens não têm o hábito de falar dos seus problemas.
É necessário falar na regionalização/ territorialização da educação. Não há nenhuma equipa ministerial que consiga resolver os problemas a partir do centro. Sendo que é na escola que acontecem os problemas é à mesma que cabe conhecer e tomar medidas.
“Muitas vezes perde-se o contexto da realidade social e é aí que temos que pensar que é em termos locais que conseguimos colmatar as dificuldades. Aquilo que nos interessa é que os nossos jovens se sintam integrados na nossa sociedade chamando à escola toda a comunidade educativa”. Falar de regionalização é falar da autonomia das escolas e na sua capacidade de intervenção com financiamento para o efeito. Assim, cada escola teria que responder e ser avaliada pela comunidade. De certa forma, a ideia é criar uma dicotomia entre pais e professores, cujos papéis se tocam mutuamente.
“Á maneira portuguesa, humanismo e solidariedade, seremos capazes tanto como os outros desde que nos concedem capacidade de decisão nomeadamente dentro da escola”.

- Representante da Associação Nacional de Municípios - Engª Maria Gabriela Tsukamoto

Neste momento, a culpa pela situação da educação em Portugal está sediada nos professores e nos autarcas. Na realidade, as competências que a Autarquia tem para com a educação prendem-se muito com os equipamentos.
“Enquanto autarca, considero que isto é uma grande demissão do país – onde a Constituição nos diz que todos têm direito à educação - que passa a pasta às autarquias. E no meio dos papéis as escolas vão ficando para trás.”
Quem vota são os adultos, e podemos pensar que isto não importa. Mas a verdade é que acabamos por estar só dependentes da boa vontade dos Munícipes. Há autarquias a gastar 1 euro por ano por aluno. Defende por isso, a necessidade de haver uma política educativa a nível local. Tratando-se de um trabalho de continuidade não se pode estar dependente dos presidentes de câmara cujo mandato muda de 4/4 anos. É um trabalho que cada vez mais tem que ser feito a nível local.
Somos um país essencialmente rural, com muitas assimetrias e que de região para região essa heterogeneidade muda. No Alentejo, com o pesa da desertificação/migração, o que acontece é que o território fica deserto e quem insiste em ficar enfrenta problemas de sustentabilidade graves. Do mesmo modo, há um problema a nível educativo muito grande. A verdade é que as pessoas dessas localidades pretendem levar os seus filhos para as universidades mas essa expectativa, que é enorme, muitas vezes acaba com o abandono muito mais cedo, ainda na escolaridade obrigatória. O que acontece é que vão para o mercado de trabalho sem qualificações deparando-se em muitas situações com trabalho precário.
Tem que haver um projecto em termos de qualidade educativa. Há que investir para dotar as pessoas de competências para que se verifique inovação e competitividade. O mundo rural é muito preocupante. As crianças de Nisa sabem muito, é um sítio onde impera um dialecto próprio e há muito a aprender com elas. Quando foi para lá preocupou-se em conhecer os alunos. “Gostaria de perguntar à Ministra da Educação porque é que muda tantas vezes os professores. O processo de colocação tem cada vez mais números, é muito difícil que deste modo o processo de educação se concretize”.
“Gostaria de construir um projecto de escola ideal”. Na sua câmara 30% do orçamento vai para a educação. No seu sonho que gostaria de tornar real, sabe que temos força e mesmo Associações como a AJUDE… O poder que temos é notório na nossa capacidade de intervenção que se concretiza na nossa participação neste Congresso. É um passo. Há pouco diziam-me que quando o povo levanta as pedras da calçada o Governo treme.
“O que é o Sucesso? Gostaria de ver respondida a minha questão um dia…”

- Instituto da Inteligência - Prof. Doutor Nélson Lima

  • As consequências do abandono e do insucesso escolar:

- Representante da UGT - Dr. António Guedes da Silva

“A maior parte dos desempregados são aqueles que não cumprem a escolaridade obrigatória.” Um dos grandes problemas de que resulta a precariedade no trabalho é o papel da Escola e a forma como ela é vista.
As pessoas sabem e sentem que é necessário aprender. O facto de a aposta na formação não ter um resultado imediato faz com que se prefiram formações breves e cujos resultados se evidenciem de imediato. Mas é preciso ter-se perspectivas a médio e longo prazo.
“ Quando falamos de abandono e insucesso escolar temos que perceber que isso começa nas famílias, as quais muitas vezes não estão sensibilizadas para a importância da educação. É essencial a motivação dos professores, alunos e de todos aqueles que estão ligados à educação. As escolas têm que ter capacidade para actuar nomeadamente apoio técnico especializado. Temos regulamentação a mais e autonomia a menos, os meios não nos são dados e as coisas não avançam. Temos hoje a concorrência de uma imigração muito bem qualificada e os problemas de Portugal tendem a agravar-se”.
Temos que pensar a Educação tendo em conta as nossas necessidades e as nossas empresas. Há que começar pela escola e pelo poder regional, o centralismo entope o caminho que necessitamos de percorrer rumo ao sucesso.

- Representante da CCP - Dr. Pedro de Almeida Freire

Fala da importância de um segundo Congresso para o próximo ano pelo facto de esta ser uma iniciativa de suma importância para o país.
“ A consequência do insucesso escolar tem a ver com os problemas de competição do nosso país”. Falamos de insucesso escolar, de uma dificuldades do esforço de competitividade as empresas, empresários, dirigentes, … As escolas técnicas foram extintas e não foram substituídas o que implicou anos de impreparação do sistema de ensino para o sistema de trabalho, ao qual coube a tarefa de dar formação. “O próprio serviço militar, que até então foi responsável por muitas formações, foi uma perda muito grande do mercado de trabalho”. Assim, temo-nos confrontado com um recrutamento para o mercado de pessoas sem formação.
“O sector de serviços é muito importante para a Economia, do ponto de vista da competição, então, temos um grande número de empresas que são criadas e geridas por pessoas sem competências. Isso implica que o próprio empresário fique sem trabalho e que deixe no desemprego os seus trabalhadores”.
“Pode-se também falar da indústria e do turismo. Hoje a competição faz-se pela qualidade, é errado quando pensamos que o que interessa é o preço. As empresas desenvolvem-se nas áreas onde há uma competência pelo melhor. Ela pauta-se por standards cada vez mais altos. Contudo, verifica-se que os standards exigidos são baixos. Existe mesmo uma certa cultura de alguma complacência. Um jovem é formado num sistema de ensino, forma hábitos e toma atitudes, e depois entra no mercado de trabalho onde a avaliação é permanente”. Considera que os jovens estão cada vez menos preocupados e as empresas fecham.
“ Tem havido alguma tendência para baixar os standards para que o insucesso diminua, mas o importante talvez seria aumentá-los. Ninguém vai pássaro resto da vida a trabalhar com aquilo que aprendeu na escola. Aquilo que a escola tem para dar é um conjunto de competências básicas com alguma exigência. É necessário não só fazer contas, mas fazê-lo rápida e eficazmente”.

- Representante do IEFP - Dra. Marisa Montela

“Antes de mais quero felicitar a AJUDE por ter trazido este Congresso para Resende, área fora da sua zona de actuação”.
“ Falar das consequências do abandono escolar no mercado de trabalho é abordar um tema dominante nas listas do centro de desemprego, e que se prende com o baixo nível da realidade social em Portugal. Os índices muito baixos de socialização atingem os mais velhos e também os mais jovens”.
Numa avaliação do IEFP, verificou-se que a média de desemprego dos licenciados é de 8 meses. Importa superar um défice de formação e qualificação em Portugal para que se tenha uma sociedade que consiga resolver todas as suas vicissitudes.
“ O que está a ser feito neste sentido:
O Primeiro-ministro no Debate sobre o Estado da Nação apontou um caminho que é o caminho certo o qual se passo a desenvolver muito mais no dia-a-dia. Criou-se uma ligação entre o Ministério da educação e o Ministério do trabalho, coisa nunca antes vivida. Em termos de educação e formação começaram a encaixar-se peças de um puzzle. Neste momento os cursos de formação profissional são desenvolvidos em união e sintonia com o mercado de trabalho. E também é verdade que todos os centros de empregos estão a completar o seu leque de utentes”.
“ Para nós, a aplicação dos fundos comunitários ainda é pouco, mas nos próximos anos vão haver mais verbas para aumentar os recursos ao dispor de Portugal. As verbas servem para concretizar novas iniciativas e abrir novas oportunidades. A formação vai passar a ser mais exigente. A formação contínua para adultos tem que passar por uma formação escolar e profissional”.
Segundo estudos da OCDE, o nível médio de qualificação básico é também uma polémica que muito contribui para a desigualdade do género, as mulheres representam 56% dos desempregados de longa duração.

- Representante da PSP/GNR “Escola Segura” - Comissária Carla Costa

“O programa “Escola Segura” funciona desde 1996/97 com o objectivo de reduzir o sentimento de insegurança nas áreas escolares aumentando a segurança ao mesmo tempo que cria laços duradouros com a escola e as crianças”.
Neste momento, dos 3.043 estabelecimentos de ensino públicos e privados que o programa abrange, 1648 são escolas do ensino básico 1º ciclo, 822 dos 2º e 3º Ciclos e 385 do secundário. A PSP está distribuída por 22 comandos, um em cada capital de distrito, envolvendo 375 agentes policiais empenhados nas actividades da Escola Segura numa missão muito específica.
“A população da comunidade escolar que abrange não é o ideal mas têm-se lançado alguns resultados: 3320 acções de sensibilização e de formação, as quais servem para chegar às pessoas tentando perceber os problemas reais das pessoas, comportamentos de risco e tipologia criminal”.
“Desde o início do Programa (1998/99) que se registaram 19.112 ocorrências criminais. Houve um aumento desde então mas esses números não são significativos. A própria sensibilização que é feita às pessoas poderá contribuir para que haja um aumento de denúncias. O tipo de crime que prevalece nas áreas escolares é o roubo e furto verificando-se 33% de agressões”.
“Quanto á caracterização do suspeito em situações de agressão nomeadamente a professores mais de 50% são desconhecidos alunos e familiares de alunos, sendo que 87,9% são do sexo masculino. As vítimas são também na sua maioria indivíduos do sexo masculino. Nos furtos é aleatório o género da vítima sendo que o objecto mais procurado é o telemóvel. Há ainda uma maior tendência para se vitimar um aluno do mesmo sexo nestas situações em que a maior parte dos implicados são alunos.” Cita David Farrington quanto aos factores e risco para a violência juvenil:

Psicólogos;
Familiares;
Violência familiar;
Colegas delinquentes;
Baixa condição socio-económica;
Residir em centros urbanos;
Residir em centros rurais;
Consumo de bebidas alcoólicas e estupefacientes;

É neste sentido que “ programa “Escola Segura” pretende garantir as condições de segurança escolar e promover acções de segurança”. A vigilância nas escolas é feita com o policiamento dos percursos habituais das crianças e realizar acções de sensibilização, dirigidas para a prevenção da toxicodependência e alcoolismo e de formação junto da comunidade escolar e em articulação com os conselhos executivos e Autarquias.
“ A prevenção e a redução do Absentismo resulta da articulação dos vários agentes sociais e entidades protectoras da criança e da família, assim como a escola e as Forças de Segurança”.

- Representante da DREN - Prof. Doutor José Rocha

Faz um diagnóstico sumário das Consequências do Insucesso e Abandono Escolar.
“ Uma situação de insucesso revela que há alguém que ainda não adquiriu competências para ser qualificado”. Há, pois, uma dimensão individual que evidencia o perfil dos alunos e os níveis baixos de auto-estima, auto-conceito e autoconfiança. E também uma dimensão económica como o trabalho ilícito da criança, precariedade laboral, falta de qualificação e menor apetência para esta.
“Quando a criança abandona a escola fá-lo por vontade própria e por persistência face à autoridade dos pais. Mas o momento de abandono prende-se com outro contexto, o de inserção. Como maioritariamente somos desenraizados com a nossa terra, o momento de ruptura com a escola é coincidente com a descoberta de outro lugar para si”.
“ Muitas vezes esquece-se que as crianças têm estatutos independentemente da autoridade dos pais. Para além da falta de apetência para a qualificação, os pais dos maus alunos, por norma, não vão à escola. A ideia da formação está ligada à escolarização e isto não é atractivo para quem não for bem sucedido”.
Há também uma dimensão social, na qual se verifica desemprego, risco de marginalização e uma situação de exclusão social.
“ O problema do Abandono, porque gere gente não socializada e não qualificada cria um sentimento de necessidade de maior segurança. É a não inserção que leva a fenómenos de delinquência devido ao desajuste das pessoas. A participação em sociedade passa por saber quais os domínios de acção das pessoas e quando não há participação é porque as pessoas não têm competências e deveriam ter. Não têm porque não têm escolarização fundamental para as adquirir”.
“ Quem não sabe das leis é vítima delas e é neste ponto que a dimensão política tem muita importância. A participação na vida colectiva e o exercício do direito da cidadania bons exemplos”.
Sente que estamos a caminhar para o esgoto e que as forças já não subsistem.
“Contextualizando. A globalização, economia e sociedade globais, vai ditando leis no Espaço Europeu. Cito um provérbio chinês: «se quiseres um ano de prosperidade semeia cereais, se quiseres 10 anos de prosperidade planta arvores, se quiseres 100 anos de prosperidade educa os homens». “ Urge fazer da economia europeia, baseada no conhecimento, a mais dinâmica e competitiva do mundo, capaz de garantir o sucesso”.
“Há uma necessidade absoluta de aprendizagem ao longo da vida. Independentemente do nosso cargo não há como dispensar de aprendizagem para saber ser e estar nos mais variados contextos investindo em si a competência sempre que se verifique não ter. Nós, professores, não fomos formados para resolver problemas. O arquitecto, o engenheiro electrónico, …. Têm que resolver problemas nós ensinamos, debitamos conteúdos. A escola é ela própria fonte de problemas e para isso há que desenvolver parcerias dentro da escola para resolver todos os problemas, só assim se pode verificar que há fenómenos não desejados”.
A União Europeia tem três objectivos estratégicos: aumentar a qualidade e a eficácia dos sistemas de educação e formação da U.E; facilitar o acesso de todos aos sistemas de educação e formação na U.E e abrir ao mundo exterior os sistemas de educação e formação na U.E.
“ Para as escolas responderem aos requisitos das medidas políticas serão precisos 50 mil professores, sendo que agora temos 20 mil no desemprego, precisaríamos de recrutar mais 30 mil. Temos que ler tudo percebendo o que é que está associado a estes fenómenos e medidas. Esta missão nacional não se faz só com as escolas nem com centros de formação profissional. As parcerias são obrigatórias para este objectivo e as empresas têm um lugar muito importante. Cabe também às autarquias saber quais as grandes apostas em termos de concelho. A conjugação tem que ser feita assim: associações empresariais, responsáveis industriais, agentes locais, têm que definir um caminho de sobrevivência”.
Metas a atingir:
- Deverá ser alcançada uma média europeia não superior a 10% de casos de abandono escolar precoce;
- Nº total de licenciados em matemática, ciências e tecnologias na U.E deverá registar mais de 15%;
- 85% dos adultos com 22anos deverão ter concluído o ensino secundário;
- Jovens de 15 anos com fraco aproveitamento de leitura deve ser reduzido me 20% em relação ao ano 2000

“ Pensar Global, agir local. A Europa pensou Global, mas o agir tem que ser local”!

  • Medidas para promover o sucesso escolar:

- Representante da Unidade de Educação de Adultos da Universidade do Minho - Dra. Raquel Oliveira

Numa apresentação que chamou a atenção de todos para a importância da educação ao longo da vida, ou seja, a formação constante dos cidadãos, a especialista sublinhou a importância de não se desistir dos adultos, porque todos somos capazes de aprender em qualquer altura da vida. Daí que seja cada vez mais necessário empreender inicitivas vocacionadas para o Ensino de pessoas adultas que por algum motivo terão desistido de estudar.

Estas iniciativas devem ser apoiadas em políticas sociais duradouras e sustentadas, onde a Escola deverá assumir o seu papel de sector de investimento prioritário do Estado, com diversidade na acção e nos actores que promovem o sucesso escolar.

- Representante da Escola da Ponte - Dr. Paulo Topa

Entre as várias «boas práticas» apontadas pelo Dr. Paulo Topa, podemos destacar o estímulo que é dado aos alunos em termos de participação cívica, quer seja por inicitivas como a Assembleia da Escola, a Auto-planificação, a Auto-avaliação (levando os alunos a afirmar «eu já sei» e «posso ajudar em»), onde os projectos são escolhidos pelos alunos, tornando-os actores principais na gestão do seu próprio currículo.

Os grupos de resolução de problemas dos alunos são também eles formados por alunos, que formam comissões de ajuda para os colegas com mais dificuldades. Outra conclusão importante que importa retirar desta apresentação, é o foco constante na gestão que é feita dos alunos do seu trabalho e do seu percurso escolar, em tutoria com os pais, e em parceria com o trabalho em equipa dos professores.

- Representante da ANESPO - Dr. Serafim Rodrigues

Serão as Escolas Profissionais Escolas de Sucesso? É esta a grande questão que nos foi apresentada pelo Dr. Serafim Rodrigues. E a resposta é sim. De facto, quando comparadas com as escolas de ensino regular públicas, as Escolas Profissionais apresentam melhores resultados de aproveitamento escolar e nas próprias taxas de conclusão. Contudo, importa também referir que por vezes os alunos destas escolas abandonam o curso porque entretanto encontraram colocação no mercado de trabalho. Uma entrada precoce quiçá, mas que ainda assim corresponde às necessidades da entidade empregadora.

Uma outra chamada de atenção vai para o facto de que existe uma grande procura por parte dos jovens portugueses por estas escolas, mas que devido ao numerus clausus imposto pelo Ministério, todos os anos 53% dos alunos não se podem matricular.

- Psicóloga Clínica - Dra. Lara Alves

Numa abordagem bastante pedagógica, esta especialista procurou acima de tudo enunciar algumas regras ou práticas que os professores podem ou devem adoptar nas suas de aula, de forma a promover o sucesso escolar dos seus alunos, e ao mesmo tempo potenciar as técnicas de aprendizagem utilizadas.

Os professores devem procurar principalmente ser eficazes nas suas tarefas, melhorando o ambiente nas salas de aula. Para tal, devem estar sempre atentos e não permitir quaisquer tipos de mau comportamento ou desrespeito das suas normas. Para além disso, devem procurar ser coerentes, rigorosos, e manter a turma sempre bem comportada, pois só assim é que se pode criar um bom ambiente de estudo e de trabalho.

Conclusões do Congresso

Exmos. Senhores Convidados,

Neste primeiro Congresso de Combate ao Insucesso Escolar foram desenvolvidos esforços significativos no sentido de apontar às questões preocupantes os caminhos acertados para potenciar o sucesso do sistema de ensino em Portugal.

Para tal, o diagnóstico apresentado acerca do Absentismo, insucesso e Abandono escolar em Portugal permitiu recolher dados oficiais, que assentam na preocupação exaustiva em analisar a realidade social, e encontrar as seguintes conclusões:

- Reduzido número de alunos nos diversos graus de ensino.

- Má qualidade dos resultados obtidos pelo sector.

- A Europa arrisca-se a perder a batalha da educação e da qualificação, arma decisiva para a competitividade económica.

- A OCDE afirma que a educação continua a ser “uma indústria retrógrada, onde se trabalha no isolamento”.

- O último relatório da Comissão Europeia considera que os resultados atingidos por Portugal em matéria de educação são "decepcionantes".

A reflexão sobre as causas e respectivas consequências do abandono e insucesso escolar, enquanto ponto de partida para um debate sólido, permitiu descortinar problemas específicos e preocupantes.

Assim, importa dizer que o combate ao insucesso escolar começa no ensino pré-escolar altura em que são desenvolvidas as primeiras aprendizagens sociais.

A ideia de que a escola não conhece o aluno enquanto indivíduo que chega à escola com uma história de vida, foi consensual. Muitas vezes o professor vê-se obrigado a cumprir os programas e não tem tempo para estabelecer uma ligação mais consistente com os alunos. A verdade é que tem que haver um acompanhamento directo ao longo de todo o ensino.

A necessidade de regionalizar a educação é uma das formas encontradas para tornar o sistema de ensino mais próximo. Ao conferir às autarquias o poder de investir na sua região, é possível dar uma maior autonomia às escolas para que no seu meio possam resolver os problemas.

Recriar a ligação entre a escola e a comunidade. O facto é que cada escola é um caso concreto que pode desenvolver soluções específicas e individuais que envolvam toda a comunidade. É também neste âmbito que a família pode ser um instrumento de sucesso.

Porém, e na medida em que nem todos os agentes sociais se encontram preparados para uma mudança, verifica-se o risco de pôr os autarcas a promover por si só o sucesso educativo e assim criar assimetrias regionais. Por outro lado, há uma falta de professores qualificados para enfrentar os desafios inerentes ao combate ao insucesso escolar. Na verdade, no domínio da sua formação, foi desenvolvida a competência de ensinar e não a de solucionar problemas.

O desejo comum é o de apoiar e promover as boas práticas desenvolvidas nestes domínios. O insucesso, o abandono e o absentismo são fenómenos transversais a todos os agentes sociais pelo que uma solução para este problema passará sempre pelo trabalho de todos.

A educação deve servir o desenvolvimento do país em termos económicos e sociais com grande sentido de realidade e necessidade estratégica de competição no mercado alargado.

É urgente a criação de uma nova cultura baseada no gosto pela leitura, pelo ensino e pela escola com níveis de qualidade cada vez mais elevados.

Deste modo, a qualificação portuguesa e a aposta numa formação continuada ao longo da vida parece ser um bom caminho.

Bem como manter a preocupação relativa a fenómenos sociais que possam conduzir à marginalidade, à delinquência e ao insucesso escolar. No fundo, unir esforços e não esquecer que a demissão dos pais na educação dos seus filhos consiste num indicador negativo e muitas vezes devastador.

Sobretudo, há que fomentar o gosto pela aprendizagem e dirigir todos os esforços para que o objectivo último do ensino seja concretizado com objectivos a longo prazo e que criam o futuro de amanhã.

Esta ideia é corroborada pelos conteúdos constantes nas intervenções do painel anterior. Assim, perante a diversidade das medidas apresentadas, relevam-se valores que preconizam o papel activo dos alunos no seu processo de aprendizagem conjuntamente com o estabelecimento de políticas sociais sustentadas que envolvam todos os agentes.

Em suma, para combater o insucesso escolar, há que pensar global e agir local.
Esta é talvez a melhor conclusão de um debate incisivo e premente.

No próximo ano, queremos repetir este Congresso numa segunda edição, e para tal, estamos totalmente à disposição de qualquer autarquia que o queira acolher. Assim sendo, aproveitamos esta oportunidade para lançar já o convite, e esperamos poder contar com a vossa presença.

Para concluir, gostaria de terminar com as palavras da Dra. Margarida Moreira:

“A natureza privilegiou Resende com uma riqueza extraordinária mas há que acreditar que a riqueza efectiva de Resende são as pessoas e as crianças.”

Obrigada.

Tatiana Almeida



Discursos oficiais

  • Discurso de Abertura pelo Presidente da AJUDE - Dr. Bruno Cardoso:
Exmo. Sr. Presidente da Câmara Municipal de Resende
Exma. Sra. Directora Regional de Educação do Norte
Distintos Congressistas

Gostaria de começar por saudar o Município de Resende por acolher e participar activamente neste I Congresso Nacional de Combate ao Insucesso Escolar.
Sabemos que é o primeiro passo no caminho longo que esta matéria tem a percorrer. Estamos seguros de que Resende dará continuidade ao trabalho realizado e às conclusões deste Evento.
Este Congresso fica marcado por ser o primeiro debate sobre o Insucesso escolar. É meu dever exprimir aqui em nome da AJUDE, o nosso sentido e profundo apreço pela forma com que os membros desta Associação ficaram após 6 meses de trabalho consecutivo, contribuindo para uma causa Nacional de primordial importância.
Nenhum de nós esquecerá certamente a participação neste Congresso. Faremos o possível e o impossível para ir ao encontro da temática, afastando qualquer debate político que se encaminhe nos ataques cerrados que têm vindo a ser prática nos últimos anos aos titulares das pastas da Educação.
Queremos ouvir as opiniões de instituições que, tal como a AJUDE e a Câmara Municipal de Resende estão empenhadas no combate ao insucesso escolar.
O quadro de Oradores convidado para este Congresso denota o empenho de várias organizações nesta matéria que estão disponíveis para dar o seu contributo na discussão e na solução deste problema.
Há ainda um longo caminho a percorrer. Mas é importante que todos possamos dar o nosso contributo para consolidar a promoção da educação, o combate à exclusão social, a luta incessante pelas desigualdades geográficas e um País mais justo e solidário para com as suas crianças e jovens.
Senhores Congressistas,
A Educação deve ser a pedra basilar da sociedade;
Resende deu o primeiro passo. Resende, meus amigos, deu o exemplo; com esta adesão é possível que este ciclo de Congressos não fique por aqui. Em 2007 é provável que organizaremos o Segundo em parceria com outra instituição que procure dinamizar o seu Concelho e a sua área educativa.
Mas falemos de números:
16% de taxa de insucesso escolar. Não será este um número suficientemente significativo?
26% da população entre os 25-64 anos têm um nível de escolaridade superior ao secundário, enquanto a média europeia ronda os 70%.
Um em cada dois alunos não transita no 12º ano.
Mas deixemos os números para a apresentação seguinte.
A última década tem sido de grandes mudanças. Cada segundo nasce um blog. As políticas educativas tiveram indubitáveis sucessos, mas houve também muitas oportunidades perdidas. Mas se algo houve que tivéssemos aprendido nestes últimos anos foi que não há alternativa à promoção social sem ser pela via da educação onde os vários agentes sociais educativos desempenham um papel determinante;
O Estado, os Professores, as Autarquias, os Educadores de infância, os auxiliares educativos, todos tem uma palavra a dizer no contributo para uma educação realmente séria, sustentável e promissora das gerações vindouras.
Mas, não posso deixar de referir o papel fulcral da família nesta cruzada para o sucesso educativo. Cada vez mais por vicissitudes sociais o papel da educação é transferido para as escolas. Mas haverá educação e formação mais pura e íntegra do que a produzida pela própria família?
Há uns anos atrás enquanto estudante lembro-me de ter lido um texto para uma disciplina que traduzia a seguinte ideia:
O sonho de um agricultor é ter um filho a trabalhar na Indústria. O sonho de um Industrial é ter o filho a trabalhar no sector dos serviços, e assim sucessivamente. Isto dá que pensar. Não terá chegado a hora de dizer basta? Abandonar a escola só para ir trabalhar para uma Indústria porque o Pai assim o sonhou não será um egoísmo? Convido-vos a reflectir sobre isso…
Apesar das enormes incertezas e incompreensões do mundo de hoje, temos um conjunto de princípios educativos que não devem ser esquecidos. Princípios básicos de solidariedade funcional que podem e devem promovidos entre os concidadãos deste País com um forte contributo secular na promoção da educação.
Senhores Congressistas
Mas este Congresso não se distingue só pela inovação. É também um Congresso que reverte a totalidade das suas receitas para o programa que a AJUDE vai lançar ainda este mês numa zona com elevados índices de exclusão social, promovendo acompanhamento de crianças com necessidades educativas.
Esta é a essência que esteve na origem desta Associação de jovens. Uma associação que agrega sobretudo jovens universitários que nas suas horas livres se dedicam a reforçar a aprendizagem das crianças. Uma Associação que nos seus 3 anos de existência conquistou o reconhecimento público no âmbito do seu trabalho e ganhou o reconhecimento autárquico e Regional.
Mas queremos mais; somos jovens; temos a ambição de ver um dia concretizado o sucesso do ensino em Portugal.
País que tem dedicado grande atenção e esforços a esta matéria, que não podemos deixar cair no esquecimento. Há progressos que nos cumpre encorajar, e há responsabilidades históricas às quais o País não pode virar as costas.
O Governo e a Sociedade civil têm que dar as mãos em prol deste desígnio Nacional.
Enfrentamos todos os mesmos desafios.
A única saída é procurarmos soluções em conjunto.
Para isso, precisamos de uma sociedade mais activa e participativa;
Devemos isso a nós próprios.
Devemos isso aos nossos filhos.
  • Discurso de Encerramento pelo Vice-Presidente da AJUDE - Artur Ventura:

Exmo. Senhor Presidente do Conselho Nacional de Educação – Prof. Doutor Júlio Pedrosa,
Exmo. Senhor Vice-Presidente da Câmara Municipal de Resende,
Exma. Senhora Vereadora da Educação da Câmara Municipal de Resende – Prof. Dulce Pereira,
Exmos. Senhores Professores,
Exmos. Senhores Convidados,
Exmos. Colegas,
Minhas senhoras e meus Senhores,

Antes de mais, gostaria de em nome da Associação Juvenil para o Desenvolvimento agradecer à Câmara Municipal de Resende todo o apoio, amabilidade e simpatia com que nos receberam na sua bela casa.

De facto, o empenho demonstrado pela autarquia em apoiar esta iniciativa, reflecte bem o interesse das autoridades locais em conhecer melhor os problemas da Educação, e procurar resolve-los.

Uma segunda nota de agradecimento é dirigida a todos os oradores que aceitaram o nosso convite para participar neste Congresso. Sem dúvida que através das suas apresentações, todos nós ficámos a conhecer melhor as causas, consequências e soluções para combater o insucesso escolar em Portugal. Para além disso, as experiências que foram partilhadas e o conhecimento que foi transmitido a todos os participantes acerca destes fenómenos, enriqueceu-nos e chamou-nos à atenção para os diferentes pontos de vista de um mesmo problema, tornando desta forma as discussões úteis e muito valiosas.

Gostaria ainda de expressar em nome da AJUDE, o nosso profundo agradecimento a todos os voluntários que ajudaram a tornar este evento uma realidade, e cuja dedicação e força de vontade servirá para sempre de exemplo a todos nós.

Por todos aqueles que estiveram presentes, por todos aqueles que quiseram participar neste fórum de discussão, enfim, por todos aqueles que partilham esta vontade de combater o insucesso Escolar, importa dizer que este evento que agora termina, não será com certeza o último. No próximo ano, queremos repetir este Congresso numa 2ª edição, e para tal, aproveitamos esta oportunidade para lançar já o convite a qualquer Autarquia que o queira acolher, e esperamos poder contar com a vossa presença.

Com efeito, este 1º Congresso Nacional espelha de uma forma quase perfeita a raíz da nossa motivação e a própria razão de existência da nossa Associação: combater o insucesso escolar.

Quer seja através do apoio a crianças com necessidades educativas, quer seja através das diversas actividades que desenvolvemos junto da comunidade ou de inicitivas como esta, a verdade é que a AJUDE, com apenas 3 anos de existência, afirma-se cada vez mais no plano nacional com um projecto útil, com futuro, e no qual vale a pena investir.

O desenvolvimento do país, como todos nós sabemos, é um conceito indissociável do desenvolvimento dos nossos jovens, da existência de um bom sistema de Ensino, de uma sociedade com valores exemplares e que se preocupa com os seus jovens. Portanto, o desenvolvimento do país é indissociável de uma cidadania activa e responsável no combate aos problemas do presente, para que eles não existam no futuro.

Contudo, devemos ter a humildade de reconhecer que a educação não se esgota nestes temas por nós debatidos. Como dizia Heidegger, é a ensinar, no sentido de educar, que é muito mais difícil aprender. E o que é a educação nos nossos tempos? Se observarmos a raiz da palavra portuguesa «educar», ela significa, criar, desenvolver, levar para diante, puxar, levar connosco, erguer, construir, ou seja, envolver, motivar, mostrar e apontar possibilidades. E julgo que foi isso que alcançámos nestes dois dias. E se tivermos sabido preservar os momentos que partilhámos neste Congresso, podemos muito bem influenciar não apenas os presentes, mas sim todos aqueles que nos rodeiam para além das paredes deste Auditório, para além dos limites das cidades, abrindo novos caminhos rumo a uma consciençalização colectiva e a um debate cada vez mais amplo destes problemas, conduzidos pelo desenvolvimento de novas ideias e conhecimentos variados, e isso, parece-me, é que é verdadeiramente o objecto da educação.

Com efeito, o trabalho que temos vindo a desenvolver incide precisamente na faixa etária da população que comandará os destinos de Portugal amanhã, e não podemos ficar impávidos face a tudo aquilo que ao longo destes dois dias pudemos ouvir.

De facto, tem de haver uma mudança. As crianças e jovens deste país não podem continuar a ser consideradas apenas como cidadãos sem poder de voto, ou irresponsáveis e irreverentes, e cabe a cada um de nós dar o primeiro passo no sentido de transformar os flagelos actuais da nossa sociedade em algo de bom no futuro.

Como anunciava o Relatório da UNESCO sobre a Educação para o Séc. XXI “A educação escolar, em complemento da acção da família, constitui hoje um esteio nevrálgico para a promoção do desenvolvimento humano e para a formação de cidadãos mais autónomos, livres, empreendedores e solidários, uma decisiva alavanca para que cada ser humano tome conta do seu destino, em paz com os seus concidadãos”.

Num mundo em constante mudança e num tempo de vida tão curto como é o nosso, não nos podemos esquecer que depende de nós tornar este mundo um pouco melhor do que quando o encontrámos.

Como diz um velho provérbio chinês: “Se quiseres um ano de prosperidade, semeia cereais. Se quiseres dez anos de prosperidade, planta árvores. Se quiseres cem anos de prosperidade, educa os homens.” - Guanzi (c.645 a.C.)

Em suma, e para terminar, julgo que em termos gerais a grande coclusão que retiro deste Congresso é que a educação em Portugal sofre de vários problemas oriundos de si mesma e da nossa sociedade. Ainda assim, eu considero que existirá esperança para melhorarmos este panorama no futuro, basta que a nossa geração tenha a ousadia intelectual e o atrevimento necessário para enfrentar estes desafios com a noção de que ao mudarmos algo que está mal na nossa escola, nas nossas ruas e nas nossas casas, podemos não estar a mudar o mundo, mas estaremos com certeza a torná-lo um pouco melhor.

Muito obrigado a todos.

Fotos do Congresso

Cerimónia de Abertura Apresentação do Diagnóstico sobre o Insucesso, Absentismo e Abandono Escolar em Portugal
Reportagem AJUDE sobre o Insucesso escolar na opinião pública
I Painel - Causas do Abandono e Insucesso Escolar
II Painel - As consequências do Abandono e Insucesso Escolar
Programa de animação

Painel III – Medidas para promover o sucesso escolar

Conclusões do Congresso
Sessão de Encerramento
Coffe-Break
Exposição de livros

A Comissão Organizadora:

13 setembro 2006

Contactos

AJUDE
Associação Juvenil para o Desenvolvimento
Rua Casal dos Netos nº25 3ºB
Tel/fax: 210133968

Para mais informações, por favor contacte a comissão organizadora, através do e-mail antoniomatias@ajude.com.pt ou do nº telemóvel 963 736 437.

12 setembro 2006

Outras informações


O Centro Cultural de Resende - Auditório e Piscinas Cobertas foi inaugurado no dia 3 de Junho, pelo Primeiro-Ministro José Sócrates.

Sempre acompanhado pela Ministra da Cultura, Isabel Pires de Lima, pelo Secretário de Estado da Juventude e do Desporto, Laurentino Dias e pelo Presidente da Câmara Municipal, António Borges, o Primeiro-Ministro inaugurou este equipamento após a inauguração do novo Museu Municipal.
José Sócrates dirigiu-se até às novas Piscinas Municipais Cobertas, um edifício construído sobre a encosta do Douro, no centro da vila de Resende. O complexo de piscinas é constituído por um tanque desportivo de 6 pistas (25x12,5m), um tanque de aprendizagem e recreio (12,5x10m) e vários equipamentos de apoio. Orçadas em 1,85 milhões de euros, dos quais 900 mil provenientes do Programa Operacional do Desporto, as novas piscinas de Resende têm uma lotação diária de 872 utentes.

Após uma visita pelas instalações, o Primeiro-Ministro inaugurou o novo Auditório Municipal, um edifício anexo ao complexo de piscinas. A nova sala do concelho, orçada em 900 mil euros, possui uma lotação de 189 pessoas, estando preparada para receber vários tipos de eventos.

Resende estende-se na margem Sul do Douro entre os concelhos de Cinfães e Lamego numa extensão de cerca de 17 km. Divide uma área total de 122,7 km2 por 15 freguesias: Anreade, Cárquere, Feirão, Felgueiras, Freigil, Miomães, Ovadas, Panchorra, Paus, Resende, S. Cipriano, S. Romão, S. João de Fontoura, S. Martinho de Mouros e Barrô, que marca o início da Região Demarcada do Douro.

O Concelho é essencialmente rural, com uma actividade baseada no cultivo de cereais, batata e produções de azeite, vinho e cereja. A cereja, que amadurece duas a três semanas mais cedo do que no resto da Europa, é considerada o ex-libris do concelho, ocupando uma posição de destaque na economia local.Com raízes anteriores à nacionalidade, doada a D. Egas Moniz por D. Afonso Henriques em 1130, foi durante a Idade Média uma das Honras mais respeitadas do reino.Uma população que continua a viver do que a terra oferece, num cenário que preserva a ruralidade, mas que acompanhou a história e guardou dela memórias grandiosos.

Se deseja saber mais sobre o concelho, pode seguir alguns endereços relativos a Instituições da região de Resende, que serão certamente úteis na sua navegação. Clique no nome da instituição para aceder ao seu web site.

www.cm-resende.pt

:: Clube Desportivo, Recreativo e Cultural de S. Martinho de Mouros

:: Rancho Folclórico de Cárquere

:: Termas de Caldas de Aregos

:: Rotas Medievais do Douro

:: Águas de Trás-os-Montes e Alto Douro

:: Ministério da Defesa Nacional - Centro de Recrutamento de Viseu

11 setembro 2006

Apoios

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Editora Plátano
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